José Ataide


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Breve análise do Brasileiro após um terço de competição

Com a conclusão da 13ª rodada e seu recorde de vitórias de visitantes (oito, o que nunca havia acontecido no campeonato de vinte clubes), já temos oficialmente disputado um terço do Campeonato Brasileiro, então nada mais propício do que uma observação marota do que sucedeu neste naco de competição que já pavimentou certas situações na tabela, afinal neste ponto todos times já enfrentaram adversários de todos os níveis, em todos os cenários possíveis.

A briga pra fugir do cadafalso

Os atuais frequentadores do Z4 parecem convictos em garantir a aflição de sua gente até o final. Dos últimos seis colocados, apenas Vitória e Avaí venceram nas últmas cinco rodadas. Ontem, a derrota para o Coritiba por 4 a 1 interrompeu a reação do time catarinense, que vinha de duas magnânimas vítórias fora de casa diante de Botafogo e Grêmio, além de um empate com a Ponte Preta. Emoção garantida mesmo pelo lanterna convicto, Atlético-GO, que parece disposto a abocanhar alguns inesperados pontos ocasionais – e no fim das contas são estes resultados inesperados que costumam interferir, para o bem e para o mal, no esperneio final das angustiantes últimas rodadas.

O São Paulo também se mostra decidido a ser o grande figurão da zona menos nobre da tabela: está seguindo à risca todos os critérios que costumam rebaixar os grandes. Sua queda é improvável, mas a cada rodada é menos improvável, assim como o Inter do ano passado, que teve diversas oportunidades de se livrar, mas tanto fez e acreditou, tanta fibra mostrou que no fim conseguiu garantir o rebaixamento.

Quem prometia e ainda não cumpriu

A maior decepção do campeonato, por enquanto, é responsabilidade do trio de cachorros grandes que até agora se comporta como um cusco tremendo na varanda em alguma noite de inverno em São José dos Ausentes. Palmeiras e Atlético-MG praticamente não deram as caras no campeonato e mesmo o Flamengo, que ontem teve sua recente sequência de vitórias interrompida pelo Grêmio, vai precisar se desdobrar se quiser ao menos aparecer no retrovisor do líder Corinthians. E o Tricolor Gaúcho, que poderia ser o time mais encorpado para consolidar-se como O PERSEGUIDOR, já deixou claro que está mais interessado nas copas do que no campeonato. A presença na Libertadores de todos possíveis pretendentes, com exceção do Flamengo, talvez seja o maior trunfo COLATERAL do líder Corinthians para encarreirar o título.

Em busca da Libertadores

A transformação do que já foi G4 em G6, que pode se tornar praticamente um GTodos, faz com que hoje qualquer time presente na primeira página da tabela possa ao menos ALMEJAR a obtenção da vaga na Libertadores. O Coritba, 10º colocado, por exemplo, está apenas um ponto distante da zona de classificação. E a grande aparição neste seleto grupo é o Sport, do renascido Vanderlei Luxemburgo, que sobe pela tabela como um bólido – com quatro vitórias seguidas sem levar gol, o Leão vive sua melhor fase na história dos pontos corridos.

O time de Carille, uma força da natureza

Por mais que tentemos manter o campeonato em aberto, é difícil não cair na tentação de afirmar que os próximos dois terços da competição serão uma prorrogação até a confirmação do título corintiano. Além da invencibilidade e dos absurdos 89,7% de aproveitamento, que o colocam como melhor desempenho de um líder nas principais ligas mundiais, outras estatísticas deixam transparecer o momento avassalador do Corinthians. Por exemplo, até hoje, na história dos pontos corridos, nenhum ponteiro havia alcançado diferença superior a 4 pontos em relação ao vice-líder. Este Corinthians tem DEZ pontos sobre o Grêmio – abre praticamente um ponto por rodada de diferença.

E esta campanha irrepreensível acontece já tendo passado por confrontos tenebrosos, como os clássicos contra os rivais de São Paulo e uma visita bem-sucedida à cancha gremista. Mesmo que venha a “despencar”, como previu Pai Portaluppi do Humaitá, o que hoje não parece crível, ainda precisará contar com uma sequência quase perfeita de seus perseguidores para que tenha a liderança ameaçada. Não somos nós que nos apressamos a dar o campeonato por encerrado, portanto. É o próprio Corinthians.

Fonte:G1