José Ataide


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Esporte olímpico busca sair de ressaca pós-Rio 2016 com reconstrução e novas modalidades

SÃO PAULO (Reuters) – Ainda de ressaca um ano depois da Rio 2016, o esporte olímpico do Brasil mira a retomada de patrocínios e incentivo a novas modalidades vencedoras, em meio a turbulências em algumas confederações que perderam a chance de desenvolvimento durante um ciclo de pesados investimentos pela realização da Olimpíada em casa.

Nos meses que se seguiram ao maior evento esportivo do mundo, os atletas do país encararam a realidade da falta de dinheiro e de visibilidade, enquanto duas das modalidades olímpicas mais tradicionais do país, basquete e natação, viveram um caos administrativo, com denúncias de irregularidades e má gestão.

“Nós perdemos uma grande oportunidade de massificar o esporte, democratizar o esporte e de tornar o esporte mais presente na vida do cidadão. Isso já foi perdido, e o que a gente quer no futuro é fazer com menos dinheiro o que não foi feito quando tinha mais dinheiro”, disse à Reuters o novo diretor de natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Renato Cordani.

Tanto as confederações quanto o Comitê Olímpico do Brasil (COB) estão em busca de novos patrocinadores visando os Jogos de Tóquio 2020. Por contrato, o COB esteve, no último ciclo, atrelado aos patrocínios do comitê organizador da Rio 2016. Quando encerrou o ciclo, o COB perdeu todos os patrocinadores.

Além disso, muitos atletas, incluindo medalhistas como o ginasta Arthur Zanetti, admitiram ter perdido apoio após a Rio 2016.

O diretor de esportes do COB, Agberto Guimarães, no entanto, tenta relativizar essas perdas de patrocínio.

“Independentemente de o Brasil ter sediado a última edição dos Jogos Olímpicos, é normal o primeiro ciclo do ano olímpico ter menos recursos, é um ciclo de baixa, em que os próprios patrocinadores que apoiaram no ciclo anterior também precisam ganhar um pouco de fôlego. Todo mundo tira um pouco o pé do acelerador para reestruturar os seus programas”, afirmou o Guimarães.

“Entre os atletas também é perfeitamente normal essa redução. A gente vai ver um novo crescimento a partir de 2018.”

Outros atletas, no entanto, como os medalhistas de ouro no Rio Thiago Braz e Rafaela Silva, mantiveram o aporte financeiro e incrementaram os ganhos com novas parcerias e palestras.

Há, ainda, uma boa expectativa para o futuro graças a resultados recentes, como o bom desempenho dos brasileiros no Mundial de natação, em julho, que animaram os dirigentes, depois que o Brasil passou em branco nas piscinas do Rio de Janeiro.

“A ótima repercussão dos resultados de Budapeste faz com que os patrocinadores procurem a gente”, disse o diretor de natação da CBDA.